Culto “Mulheres na Luz” 04 10/05/2020

Igreja Metodista da Luz Quarto Culto do Ano “Mulheres na Luz” 10h

Orientações Gerais com Mariko  – Comunicação EIG SP

1 – Início – Dirigente (1): Vanessa Carvalho EIG-PR:

Bem-vindas e bem-vindos nesta manhã especial! Especial pois nos reunimos aqui, em comunidade, mesmo que virtualmente, para celebramos hoje um dia dedicado às mães. Este é nosso segundo culto online, normalmente o culto de espiritualidade feminista – Mulheres da Luz, acontece presencialmente no segundo domingo do mês, na Igreja Metodista da Luz, da Pastora Eliade, colaboradora do coletivo EIG, porém, devido à crise pandêmica que estamos enfrentando, optamos em dar continuidade à nossa agenda cúltica de modo virtual, ampliando assim a possibilidade de participação de pessoas de outras cidades e estados.

Dedicamos este culto à Ruah de Deus, Útero Originário fecundo de tudo quanto existe, Acolhedora e Salvadora de toda a criação, Deusa mãe que caminha conosco em meio às nossas inseguranças e preocupações, que caminha conosco em tempos difíceis, onde as coisas parecem fugir ao controle, onde o medo tem se espalhado mais rápido que o vírus. Dedicamos este culto ao Cristo que se manifesta em nossa humanidade e em nossas vulnerabilidades, que veio ao mundo para curar e para trazer conforto quando a desesperança e a solidão são sentidas. Dedicamos este culto à Divina Ruah que dia após dia sopra esperança entre os excluídos e marginalizados. Por último, e não menos importante, dedicamos este culto à todas as mulheres e mães que fazem parte da nossa história e também àquelas que participam conosco desta celebração.

Neste momento, nos lembramos do legado da nossa ancestral Anna Jarvis, mulher de fé cristã, metodista, idealizadora do dia das mães, filha de Ann Maria Reeves Jarvis, que em 12 de maio de 1907, dois anos após a morte de sua mãe, criou um memorial a ela e iniciou uma campanha para que o dia das mães fosse um feriado reconhecido. Graças a Anna Jarvis, podemos comemorar mais um dia das mães.

Com uma meditação sobre a mulher samaritana, encerraremos a série de estudos sobre as mulheres joaninas, mulheres que na tradição cristã, são reconhecidas como mulheres das comunidades cristãs do primeiro século, aquelas que se organizaram entorno dos textos do apóstolo João. Nosso culto de hoje é o anúncio da graça, da graça de um Deus que vem ao encontro das mulheres feridas pela vida, de um Deus Consolador que ouve o clamor de muitas mães que sofrem, conforme o anúncio do profeta Isaías 66:13: “Como alguém a quem a mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consoladas (os).”  Nesta manhã, não tenhamos medo de nos achegar a Deus do jeito que somos, com nossos defeitos, erros e com o coração arrependido, pois como uma mãe que ama e consola, a Divina Ruah nos recebe em seu colo de amor! Vamos juntas acompanhar a leitura desta manhã da Mulher de Samaria com a nossa querida Leilane EIG BH

2 – Dirigente (2) – Leitura Bíblica – Leilane EIG BH

“Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado? Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. ”  (João 4:5-26)

3 – Dirigente (3) Diana, do Coletivo Cristãos contra o Fascismo:

Ainda vivemos a boa-nova da ressurreição, que não se finalizou no Domingo de Páscoa. Amém? Nossa espiritualidade feminista é anúncio de vida, da vida ressurreta de Jesus de Nazaré aquele que foi traído, perseguido e assassinado, por isso nenhuma política, nenhuma ação deliberada, nenhum posicionamento que seja contrário a vida nós reproduziremos ou normalizaremos.  Somos uma comunidade de mulheres e homens, discípulas e discípulos de Jesus que compartilhamos com Jesus da mesma Ruah, o mesmo Sopro, e juntas e juntos nos tornamos “comunidade que conspira, “com-inspirar”, “respirar juntos”; respiramos o mesmo ar, o mesmo sonho, a mesma utopia do Reino, a mesma RUAH – sopro de vida!  Louvemos ao nosso Deus agora com nossa companheira Nathália Blanco, da EIG – SP

4 – Momento de Louvor – Nathália Blanco – EIG PR

5 – Dirigente (5) Lauana Flor-  EIG SP:

Olá irmãs, mulheres EIG, vocês sabiam que dia 05 de maio – foi o dia mundial de higienização das mãos? No dia 05 de maio é comemorado o dia mundial de higienização das mãos. Neste momento, esta prática é estimulada como uma simples e eficaz ferramenta para atenuar a pandemia da covid19. Mas vocês conhecem a história desse simples ato atrelado aos cuidados de saúde e higiene? Sabem como o lavar as mãos foi incorporado nas práticas médicas na modernidade?

A história oficial da medicina moderna credita a autoria e inserção desta prática ao médico húngaro Ignaz Semmelweis (1818-1865). Na década de 1840, em um hospital na cidade de Viena, na Áustria, ele tentou implantar um sistema de lavagem de mãos para impedir a alta taxa de mortalidade onde trabalhava. Ao observar os números divergentes entre duas salas de parto no Hospital Geral de Viena – uma delas ocupada por estudantes de medicina do sexo masculino e a outra destinada as atividades das parteiras, o dr. Semmelweis teve uma grande ‘descoberta’. Depois de várias intuições, concluiu que o desequilíbrio estava no fato de que as parteiras trabalhavam com as mãos limpas. Chamava a atenção o fato de que a sala dos médicos possuía uma taxa de mortalidade 3 vezes maior do que o apresentado na sala das parteiras.

Naquelas alturas, nada se sabia sobre os germes. Os hospitais eram os “lugares de morte” e não cheiravam bem. Os médicos exalavam o odor fétido das necrópcias e dissecações e não existia materiais básicos de segurança hospitalar conhecidos hoje como as luvas, face shield, máscaras. Não sem razão, na hora do parto, a preferência era pelo atendimento domiciliar.

Tendo em vista esta nova ‘descoberta’, o dr.  Semmelweis passou a defender fervorosamente o hábito de lavar as mãos. Ele chegou a publicar um livro sobre o tema, criticando seus céticos colegas e os chamando de assassinos, por não acreditarem na lavagem das mãos. Como força da cultura médica naquele período, o dr. Semmelweis acabou sendo demonizado por seus colegas e por fim, retornou a Hungria, onde trabalhou em outros hospitais no combate à chamada febre puerperal (um mal pós-parto semelhante ao que conhecemos hoje como infecção). Fato é que a sua insistência para que a comunidade médica da época incluísse sua ‘descoberta’ no cotidiano hospitalar e, mediante as críticas que recebia por não apresentar explicações dentro do método científico sobre a questão, o dr. Semmlweis foi acometido por severa depressão. Enganado, chegou a ser internado num manicônio por insistir na prática. Morreu aos 47 anos, mas postumamente teve o seu “achado científico” aceito e reconhecido pela história da medicina moderna, ao ponto de ter aberto caminho para que Louis Pasteur elaborasse sua famosa teoria dos germes.

Neste contexto, eu gostaria de chamar a atenção de vocês para duas questões aqui: 1) que naquele momento, o surgimento da obstetrícia – nova disciplina da medicina moderna – se mostrava ainda sem grande valor, pois tradicionalmente reconhecida como espaço feminino de cuidado,  cuja expressão maior residia na imagem das parteiras. E 2) às mulheres era negado o lugar nas universidades e escolas de medicina, e para exercerem a parteiragem, progressivamente passaram a ser obrigadas aos treinamentos pela classe médica, majoritariamente masculina.  

O séc. XIX foi o período de grandes transformações na chamada medicina moderna que viria logo a se tornar o braço forte do capitalismo. Penso eu que este é o período mais violento de afastamento das mulheres do espaço médico, depois da ‘caçada às bruxas`. Nessa disputa pela tomada de poder do espaço médico, as parterias foram progessivamentes enquadradas na imagem de mulheres ignorantes, analfabetas e sem moral; Mas lembrem eram elas que já tinham suas mãos limpas na hora de trazer uma nova vida ao mundo!

É justamente o feminisno a partir da década de 1970 que traz o gatilho para o exercício de se pensar a participação das mulheres na vida social de forma mais abrangente. A tarefa é árdua. O simples ato de lavar as mãos já está enraizado em nossa cultura médica hospitalar e de cuidados com a higiene pessoal. Mas nunca é tarde para lembrar que os avanços e consensos científicos provém de espaços e ralações de cooperação. Neste dia de hoje, segundo domingo de maio – dia das mães – faço assim uma necessária homenagem ao brilhantismo daquelas que com o conhecimento autoacumulado da medicina natural fizeram e fazem nascer novas mães. E em tempos de covid19, também é sempre pertinente lembrar a sabedoria ancestral das parteiras: mãos limpas salvam vidas.

6 – Dirigente (6) Regina Escudero -EIG PR:

E falar em parteiras…vamos dar agora um “Viva” às todas as mães. Para toda diversidade do ‘ser mãe’, ou melhor, a diversidade de mães existentes no planeta! Antes de ser mãe, cada uma de nós é uma mulher. O papel de mãe é mais um dos vários que assumimos na sociedade.

Um papel delicado diante dos estereótipos e pré-conceitos que ele carrega, pois desde cedo somos educadas a acreditar que ser “mãe é padecer no paraíso”; “que toda mãe é boa”; sempre afável; carinhosa; paciente, são papéis que estão descritos nos livros didáticos, nas novelas, nas igrejas, em suas teologias, nas diversas mídias e locais que frequentamos.

Mas não, as mães não cabem neste estereótipo ou se definem por esses papeis sociais, ou chamado também de missão, porque são antes de tudo mulheres! Mulheres que assumem diferentes papéis na sociedade; mães que são, por exemplo, as enfermeiras que estão na linha de frente desta terrível batalha contra o COVID-19. Podem até não ter gerado filhos, mas cuidam de seus pacientes como mães, ou então deixam seus filhos aos cuidados de outras mães ou amigos/as para que possam trabalhar.

Existem também uma série de classificações para mães: Mães solo, mães de coração, mães jovens, mães velhas, mães trans, enfim inúmeras formas de definir mãe. E em cada uma delas o que se percebe é que carregam um rastro preconceituoso de uma sociedade machista, em pleno século XXI. Como diz o Papa Francisco: “não existe mãe solo porque mãe não é um estado civil”!

Pensando assim, quem são estas mães solo? As que são “deixadas” pelo marido…..tadinhas? Ou serão todas que criam seus filhos sozinhas independente do estado civil ou de qualquer outro gênero ou orientação sexual? Ou então aquelas mulheres independentes que escolheram ter seus filhos sozinhas? Quem são elas? Vamos pensar….

E o que dizer das Mães travestis, lésbicas, Bi, enfim das que não são hétero ou Cis, ditas normais? Ser mãe transcende o estado civil, transcende a raça/etnia e cor, o gênero, a profissão, não necessariamente necessitamos ter um útero ou um útero que gere para sermos mães. Geramos primeiro ou até unicamente no coração.  Mãe é um sentimento de amor que se nutre pelo filho ou filha na medida da sua criação, na medida que se desenvolve a empatia. Aprendemos a ser mães a cada dia, enfrentando as próprias barreiras que se impõem nesta relação maternal.

7 – Dirigente Valéria Vilhena – EIG SP – Momento pastoral

Jesus está conosco, amém?! Essa é nossa única certeza, mas com essa única certeza queremos profetizar que projetos totalitários de morte e exclusão não tenham a última palavra entre nós! Somos mulheres de fé e luta. A Diana afirmou no início do culto que somos “comunidade que conspira, inspira e respira”  juntas e juntos; e nesse sentido estamos totalmente contrários a tudo que está posto, Somos comunidades heréticas estamos na teimosia de que podemos transformar, podemos fazer diferente.

– Sobre Projeto Casa na Luz – recebimento de donativos e entrega – Igreja Metodista da Luz; Ações, como colaborar.

– Campanha “Quando minha casa não é segura” ( o nome não está decidido, mas é só para dizer que estamos trabalhando), bem como em outras pequenas ações regionais como lives, doações, orações, acolhimentos e etc. E estamos trabalhando para tentar acolher as mulheres evangélicas em condição de violências doméstica.

– Anúncio próximo ciclo de pregações – Com pastora e biblista Suellen

*Mulheres de Juízes: Débora, Jael, Filha de Jefté, Dalila e a concubina do levita. O que comporá mais 4 meses de culto ‘Mulheres na Luz’, na Igreja Metodista dirigido pelas Mulheres EIG – aberto para novas participações.

– Próximo encontro com Débora (Bárbara-Vozes Marias) e ministração da Ceia com a pastora Eliad.

Oremos com Bebel da EIG BH

8 – Dirigente (8) Oração Intercessória em Momento de Pandemia Mas também em meio a alegria das diferentes Maternidades – Bebel – EIG BH:  Oremos: Deus Pai e Mãe que nos acolhe, que conosco caminha, nos proteja diante de práticas opressoras ditas cristãs – nos livre de praticá-las e nos encoraje a denunciá-las;

Que nesse cenário de pandemia em que vimos multiplicar-se, com a mesma aceleração, o vírus e a crueldade, deixando as mulheres ainda mais vulneráveis às violências domésticas, clamamos por sua força e vigor, para que socorramos nossas irmãs, denunciemos o machismo e o racismo estruturais, bem como essa abissal desigualdade de nosso país e sejamos mais rebeldes diante desse sistema de morte.

Nos dê sabedoria para entendermos que o fascismo, os autoritarismos são incompatíveis com o seu evangelho. Que a Ruah divina nos console nesse momento de insegurança, de medo, no qual muitas mortes estão sendo anunciadas. Seja com cada família enlutada, que não pode velar seu ente querido. Proteja e cuide de cada morador em condição de rua, e daqueles que deles estão cuidando. Seja com as mulheres profissionais do sexo, seja com as mulheres trans, as de situação de imigração e refúgio; cuide daqueles e daquelas que estão em condições insalubres, cuide e proteja nossos filhos e filhas! Por favor derrame sua misericórdia e proteção sobre as famílias que foram despejadas, aos que lutam por terra e casa. Clamamos também por muita saúde, coragem, vigor às todas as pessoas que estão servindo a sociedade em serviços essenciais, aos que estão mais vulneráveis por sua idade, ou outras doenças crônicas; aos profissionais de saúde que estão na linha de frente contra a pandemia-, suplicamos por cada um desses e dessas profissionais!

Que nos convertamos ao entendimento de que o sistema capitalista imposto é incapaz de cuidar das pessoas. Deus Pai e Mãe que juntes busquemos construir uma comunidade de iguais, que nossa institucionalidade não sufoque o carisma e a unidade, a fim de que possamos apontar e construir caminhos para a justiça e a paz. Abençoe todas as mães em sua rica diversidade da maternidade como apontou Regina para nós hoje. Mães solos, de coração, cis, trans, negras, ribeirinhas, quilombolas, agricultoras, tias-mães, e todas aquelas que nutrem esse sentimento materno, gratidão por cada uma delas, pois elas são as nutridoras da VIDA… em nome de Jesus, amém.  

Ouçamos agora a mensagem da palavra inspirada pela divina Ruah com a teóloga Angélica Tostes.

9-  Mensagem:  teóloga Angélica Tostes

10 – Dirigente (10) Mariko EIG SP

– Acolhida das irmãs(o), companheiras, aliadas “on-line” leituras de algumas(alguns) participantes

11 – Dirigente (11) Pastora Eliad – EIG SP – (Oração com todos os participantes – convide todes a repetirem)

“Que esse momento que estamos vivenciando aqui, seja movimento profético, de transformação e libertação. Que o senhor nos guarde e nos proteja Amém”.

12- Bênção Trinitária  – pastora Eliad:

“Que o amor de Deus pai e mãe, Deus de Abraão, Sara e Agar; pela graça de Jesus que venceu a morte e fez a vida anunciada por Marias;  e a comunhão da Ruah, que habita hoje entre nós esteja com todos, todas e todes desde agora e para todo sempre. Amém.


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